domingo, 26 de outubro de 2014

Quando o repertório pessoal vira sobremesa principal

De vez em quando me comprometo com coisas que não sei bem como vou fazer, seja porque outras coisas se acumulam, ou porque uma nova questão me atropela, ou ainda porque me falta inspiração.

Isso é muito comum em alguns momentos do meu trabalho. As vezes tenho uma boa ideia que fica registrada em algum lugar da minha memória. Quando eu menos espero, vejo uma oportunidade de colocar aquela ideia em prática, geralmente em um contexto totalmente  diferente do que tinha pensado antes.

O fato é que vamos acumulando repertório na vida, assim como receitas. Se uma situação rendeu uma boa ideia, guarde-a para a posteridade, inclua-a em um repertório pessoal, que deve ser acessado sempre que o universo não estiver conspirando a seu favor.

Mas, bem, uma boa ideia é uma boa ideia e deve ser usada sempre que for necessário. E, claro, deve ser compartilhada. Então, aqui estou eu.



Dia desses me comprometi com a minha cunhada Joseane de fazer o bolo do aniversário do filho dela. Teve uma época em que eu fazia muito mais isso, adoro aniversários, principalmente de sobrinhos. Tenho alguns sobrinhos com quem convivo muito menos do que gostaria, mas gosto de pensar que posso ser uma boa influência para eles.

Voltando ao bolo, as semanas nos pregam peças e acabamos comprometendo nossas promessas. Um bolo de aniversário é algo especial, o prato principal de uma comemoração e deve ter uma delicada combinação de sabores que refletem o momento e as preferências do aniversariante. Sempre dedico muito tempo pensando no bolo do meu aniversário e, quando estou fazendo para alguém, também gosto de pensar em algo bem pessoal. Porém, minha semana foi cheia de altos e baixos e eu não consegui dar a devida atenção à questão, resultado: já era quase meio dia de sábado e eu ainda não sabia o que fazer. Tipo aquelas semanas onde o planejamento não encaixa e temos que improvisar.



Sorte da minha família que eu tenho repertório. Passei anos observando as receitas da minha mãe, buscando os sabores no que comia e experimentando possibilidades. Já fiz bolos de aniversário mais ou menos complicados, mas no fim, sempre volto para uma receita que sempre dá certo.




Nem sei bem quando, fui apresentada ao pão de ló que é infalível para um delicioso bolo de aniversário em família. Depois de muitos testes de sucesso, cheguei a uma receita básica para o pão de ló: para cada ovo, 1 colher de açúcar e 1 colher de amido de milho ou farinha de trigo. Pronto, simples, barato e sempre dá certo. E mais, podemos incrementar essa receita acrescentando outras coisas à massa, como cacau em pó, amendoim torrado e moído, nozes, coco ralado... o céu é o limite!


Mas é bolo de aniversário, por isso é bom caprichar nos detalhes. O pão de ló é uma massa seca que deve ganhar uma calda. Como não teria tempo de deixar o bolo na geladeira de um dia para o outro, tive que improvisar na improvisação com calda de leite de coco e leite condensado, do bolo gelado da minha mãe. O recheio foi inspirado no creme da torda de maçã da minha mãe. Mais o marshmallow e raspas de chocolate como cobertura, pronto já tinha um planejamento para o bolo e ainda podia pegar o supermercado aberto!


Comecei a bater a massa depois das 13h e antes das 14h já estava esfriando sobre a grelha do fogão, com o recheio. Enfim, um bolo no tempo de uma aula. Para a montagem é só ir fazendo camadas, colocando uma ideia sobre outra para ver se combinam, se se misturam, se fazem sentido para os nossos sentidos. As vezes, uma aula improvisada tem um resultado inesperadamente positivo, assim como um bolo mal planejado que alegra um aniversariante em um momento de comemoração em família. Isso só é possível quando adaptamos nosso repertório ao momento em que estamos vivendo.

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